Se você é um sonhador nato, já deve ter passado pela sua cabeça fazer um intercâmbio cultural, não é mesmo?
Muitas pessoas têm o sonho de viajar mundo afora e o intercâmbio é uma boa forma de começar e funciona como um trainee da vida real.
A experiência de viajar para uma cultura diferente da sua é enriquecedora e proporciona que muitas portas se abram – tanto no trabalho quanto na vida!
Mas você sabe como funciona um intercâmbio cultural na prática? Quais são as expectativas e como a gente se sente ao chegar lá?
Existe um conceito que é chamado de curva do intercâmbio cultural, que trata basicamente da adaptação cultural vivida quando estamos fora de nosso país de origem e da nossa zona de conforto.
Quer entender mais sobre o assunto? Então vem com a gente que nós vamos te contar todos os detalhes!
O que é intercâmbio cultural?
O intercâmbio cultural é uma imersão total que você pode fazer em uma cultura que é diferente da sua, geralmente em outro país.
Nessa viagem, geralmente a pessoa vai para trabalhar ou estudar. Entretanto, o objetivo por trás disso é muito maior e consiste em viver uma experiência diferente da que você está acostumado.
A proposta é sair da zona de conforto, conhecer novas pessoas, obter novos conhecimentos e, geralmente, aprender um novo idioma.
O indivíduo que se propõe a viver um intercâmbio cultural ainda desenvolve habilidades distintas, contribui com a sua carreira e, principalmente, enriquece a sua experiência de vida e formação pessoal.
Existem diferentes tipos de intercâmbio cultural. Alguns exemplos são os que têm como foco o estudo de um novo idioma, cursar um período do ensino médio ou da faculdade, trabalhar e também praticar voluntariado.
Como fazer um intercâmbio cultural?
O primeiro passo para fazer um intercâmbio cultural é decidir qual tipo de intercâmbio você quer fazer.
Isso deve ser decidido de acordo com os seus objetivos pessoais e profissionais e suas expectativas com a viagem.
Se você quer ou precisa muito aprender um idioma, por exemplo, pode se matricular em um curso de idiomas que possui uma duração que vai de três a seis meses e é um dos mais comuns.
Se o seu objetivo é trabalhar no país de destino pode optar pelo intercâmbio de au pair, no qual você é hospedado por uma família e trabalha como babá.
Já o intercâmbio voluntário é capaz de revolucionar a forma como você vê a vida. Ele é ótimo para pessoas de qualquer idade que estão em busca de um propósito.
Um pensamento muito comum é que você vai lá para ajudar e fazer o bem. E é verdade, mas esse não é nem de longe o único benefício, pois você vai ver que você vai sair de lá com outra visão de mundo.
Ou seja, você vai com o objetivo de fazer bem e percebe que o bem também foi feito dentro de você de uma forma que você nem esperava.
Mas é claro que nem tudo ocorre de forma tão linear assim.
O intercâmbio cultural é cheio de altos e baixos e não vamos mentir: nem sempre é um percurso fácil.
Conheça agora como funciona a curva de um intercâmbio cultural!
A curva de um intercâmbio cultural
O texto abaixo explica a curva de um intercâmbio cultural. Ele faz parte do curso de preparação de voluntários da exchange do bem.
A curva de um intercâmbio cultural é a adaptação cultural em uma viagem de intercâmbio voluntário ou de curso de inglês, seja ela de curta ou longa duração.
Esse texto visa te apresentar sobretudo a curva de adaptação cultural, de forma que você se sinta mais preparado para vivenciar o seu intercâmbio voluntário.
É importante estar consciente, preparado e agir de maneira ativa para passar por todas as etapas de uma forma positiva.
Essa adaptação cultural pode desencadear alguns sentimentos para o viajante!
Em alguns casos é conhecido como estresse cultural. Esse estresse pode assumir várias formas, sendo as mais comuns a tristeza, a irritabilidade e a saudade de casa.
O grau em que você sofrerá com o choque cultural dependerá de quanto tempo você ficará afastada de sua rotina, de como está preparada para os efeitos do estresse e do quanto você vai conseguir manter sua mente aberta durante toda a sua experiência no exterior.
O estresse cultural não é consequência de nenhum evento ou problema específico seu, mas é um sintoma de desconforto psicológico que vivemos ao nos depararmos com diferentes estilos de vida, outros padrões de limpeza, alimentação e de organização, além de valores e prioridades distintos daquilo que estamos acostumados.
Por causa dessas diferenças, nosso psicológico sente toda essa nova experiência como se fosse uma ameaça principalmente ao modelo que vivemos por toda a nossa vida.
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Para os intercâmbios voluntários de curta duração (até 12 semanas), existem quatro estágios principais que definem as fases que o viajante passa.
O interessante de conhecer essas etapas é permitir que você reflita sobre os sentimentos que você irá se deparar, e não se assuste ao vivenciar o que cada uma dessas etapas representa.
Para explicarmos melhor o que são essas quatro etapas, vamos usar um gráfico desenvolvido pelo Sociólogo e Cientista Cultural Sverre Lysgaard (1955), que exemplifica o que te espera nessa jornada do intercâmbio voluntário.
Lua de Mel
O primeiro estágio dessa adaptação cultural é uma delícia, é marcado por um sentimento de euforia e felicidade.
Você estará preparando a sua viagem, organizando a mala, criando suas expectativas e traçando suas metas.
Primeiramente, ao chegar no projeto, tudo é novo e emocionante e você verá muitas semelhanças entre sua cultura e a cultura anfitriã, fruto de um envolvimento superficial com a nova cultura.
Será uma fase marcada por experimentar. A comida é diferente, o transporte é novo, você entende um pouquinho do idioma, e nada ainda te incomoda realmente.
No projeto, você ainda não terá condições de realizar as atividades sozinho, mas como você será novidade no local, as pessoas te darão um pouco de atenção e você se sentirá especial.
Duração: pouco antes do embarque e até o início do período no exterior.
Necessidades: Você pode sentir a necessidade de conversar com as pessoas, conversar sobre seus planos, convidá-las a participar de sua experiência.
Crise na curva do intercâmbio cultural
Muitas vezes, os viajantes estabelecem metas muito altas e esperam demais de si mesmos e da experiência que vão vivenciar. Esse é o momento da curva do intercâmbio cultural que a “decepção” se torna inevitável.
Você entra então na segunda etapa de sua viagem, em um estágio de hostilidade e irritabilidade e tende a se concentrar nas diferenças entre culturas e em vê-las negativamente.
Você percebe que o idioma pode ser uma barreira, você não consegue se comunicar como gostaria, a comida local não te apetece, o fuso horário ainda atrapalha a sua rotina.
É nessa fase que você vai se fazer as fatídicas perguntas: “o que estou fazendo aqui?” e “de quem foi essa ideia de fazer um intercâmbio social?”.
No projeto você não sabe como ajudar, pensa que deveria ter se preparado melhor, começa a pesquisar o que fazer, se dá conta que você pode não ter os materiais necessários, se arrepende de não ter levado do Brasil, e por fim acaba se sentindo inútil.
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Sentimentos e emoções de tristeza, desconforto, irritabilidade, incerteza, desânimo, ansiedade, frustração, saudades podem ser vivenciados por quem está nessa fase da curva do intercâmbio cultural.
E não será só o coração, fisicamente o corpo também sente, então cansaço, sono ou insônia e também fadiga, são sensações comuns nessa etapa.
Mas quaisquer que sejam seus sintomas, tenha certeza de que isso é normal! A vantagem de todo período de crise é que o desequilíbrio provocado por ele te obriga a agir, e acredite, com você não será diferente!
Embora esse processo seja bem desconfortável, ele também tem o lado positivo. A sua adaptação a partir das diferenças e dificuldades, te dá oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal.
Duração: Início/meio de seu intercâmbio
Necessidades: Você pode sentir a necessidade de dormir ou comer mais do que o habitual, pode ter dificuldade em controlar o seu temperamento ou chorar mais frequentemente.
Reconhecimento e Aceitação
Gradualmente, você começará a se sentir mais confortável em seu novo ambiente e seu humor retornará, você se sentirá mais feliz. Você pode flutuar entre os altos e baixos, mas os picos e vales se tornarão menos intensos e menos frequentes, até que você irá se estabelecer e se adaptar.
Esse será o terceiro estágio, que é uma transição gradual, quando você lentamente começará a se sentir mais confortável em seu novo ambiente.
No projeto, agora você entende quais são as reais necessidades deles, se arrepende de algumas compras e doações que você já fez. Você começa a pensar mais no impacto de suas ações e como pode deixar a sua marca naquela comunidade.
Duração: meio de seu intercâmbio
Necessidades: Você começará a identificar aspectos culturais que você quer internalizar, já saberá lidar com alguns dos sentimentos vividos e começará querer explorar mais a cidade.
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Aceitação e Recalibragem
Por fim, você entrará no quarto estágio da curva do intercâmbio cultural, que é marcada por se sentir “em casa”.
A comida já te apetece, você já consegue apreciar a nova rotina, mesmo sem dominar o idioma você já se faz entender, já sabe se locomover para os lugares que você gosta e sabe que você logo voltará para casa.
No projeto, essa será a fase que você se sentirá MUITO útil! Você já está habituado a rotina, sabe exatamente como ajudar, as suas doações realmente atendem as necessidades que você, em conjunto com a equipe, identificou.
Além disso, já conhece o nome da equipe, sente afinidade por algumas pessoas e se sente literalmente em casa!
Os viajantes que chegarem à quarta etapa antes de partirem descobrirão que, no geral, tiveram uma boa experiência, apesar de todos os desafios.
Frequentemente, os viajantes descobrem que o desejo de voltar para casa desaparece gradualmente à medida que entendem os estágios dessa adaptação cultural.
Duração: meio/fim de seu intercâmbio até a volta ao Brasil
Necessidades: você vai querer realizar tudo o que planejou, postar suas fotos, guardar as recordações, e não irá querer se despedir de tudo aquilo que te encantou.
Vou passar por todas?
A curva do intercâmbio cultural é um pequeno retrato dos altos e baixos potenciais que sua viagem pode te proporcionar.
Isso não significa que todos vão passar exatamente por esse ciclo, pois cada voluntário carrega a sua bagagem e possui um nível de autoconhecimento.
O melhor remédio para que a adaptação cultural não seja muito dolorida é principalmente resiliência, mente aberta e perseverança.
Nos momentos mais difíceis, tente manter-se ocupado com as atividades e em passar tempo com as pessoas que você se sente confortável.
Por isso, é importante lembrar que as “descidas” vividas no seu intercâmbio são necessárias, pois com elas que aprendemos, nos adaptamos e nos preparamos para situações futuras.
E como mencionado anteriormente, é sempre válido lembrar que conhecer as fases, e saber identificar e reconhecer os altos e baixos naturais torna o processo de adaptação à nova cultura mais rápido, com mais sentido e aprendizado.
E como fica o retorno do intercâmbio cultural?
Às vezes esses mesmos altos e baixos, desafios, adaptações são vividos no pré-retorno e após o retorno ao Brasil. Então não se assuste!
Você vai querer contar para todo mundo a sua experiência, porém poucos vão ter paciência ou interesse genuíno em te escutar.
Você vai sentir que muitas das coisas que faziam sentido antes para você, já não vão fazer tanto sentido mais.
Além disso, se você já trabalha, pode ser que uma vontade súbita de pedir demissão, jogar tudo para o alto e voltar para o projeto passe por sua cabeça.
Contudo, assim que você se readaptar a sua rotina no Brasil, esses sentimentos irão se acalmar.
Com isso, você conseguirá retomar a sua vida, carregando sempre, todas as lições aprendidas e todos os aprendizados vividos em seu intercâmbio!
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