Você sabia que o intercâmbio voluntário pode te ajudar na mudança de carreira?
Isso porque o voluntariado pode ser transformador não só para sua vida pessoal, mas também para sua vida profissional. Por isso, hoje trouxemos um depoimento de quem passou por essa mudança!
O Caio é psicólogo de formação e fez dois trabalhos voluntários pela Exchange do Bem, um para o Quênia e, logo depois, para a Colômbia.
Então, preparamos algumas perguntas e vamos compartilhar com vocês! Bora ler?
Experiências transformadoras além das viagens
1. Qual era sua carreira antes do intercâmbio voluntário?
Sou Psicólogo de formação, atuei profissionalmente na área de Projetos em Recursos Humanos.
2. Qual era sua relação com viagens e intercâmbio voluntário? Já conhecia essa possibilidade?
Não conhecia, antes eu nunca tinha feito algo parecido. Já havia feito muitos outros trabalhos voluntários, mas sempre no Brasil.
Quando surgiu a vontade de conectar a oportunidade de viajar com trabalho voluntário, fui pesquisar e encontrei algumas organizações que já prestavam esse tipo de serviço.
3. O que te motivou a fazer um intercâmbio voluntário?
O que me motivou foi a possibilidade de conectar a experiência de um trabalho voluntário com a oportunidade de conhecer e conviver com pessoas de culturas, costumes, hábitos, língua e valores diferentes dos que eu estava acostumado.
Meu grande desejo era expandir meus horizontes, conhecer novas crenças, valores, outras verdades além das que me foram ensinadas e estiveram comigo desde então. Minha busca era por imergir em realidades distintas das que eu cresci e vivi, aumentar a diversidade de minhas visões de mundo.
4. O que mais te impressionou quando você chegou aos projetos?
Eu tive duas experiências com conceitos parecidos, mas condições e realidades totalmente diferentes.
Primeiro, fui ao Quênia, para atividades no Wema Centre, centro de acolhimento de crianças em condições de rua, com grande foco em meninas.
Meses depois, fui para a Colômbia, para atividades na Corporación Superarse, um projeto que trabalha com a proteção da criança em condições de vulnerabilidade.
No Wema Centre, o que mais me impressionou e marcou foi a alegria e energia das crianças, tanto entre si, quanto comigo. Quando não estavam em sala de aula, estavam sempre a pular, correr e brincar, de uma forma surpreendentemente harmoniosa.
Elas se divertiam ao ajudar nas atividades do centro, desde o apoio na preparação do almoço até a limpeza do espaço em geral, obedeciam aos horários e eram engajados nas atividades educacionais.
Conheça todos os projetos no Quênia
Na Corporación Superarse, o que mais me impressionou foi o profissionalismo da equipe local! A equipe era composta por um Diretor Geral, equipe de apoio psicológico, operacional, apoio direto às crianças e profissionais ligados a outras organizações que iam até o centro facilitar atividades com as crianças e jovens. A jornada pedagógica da criança no centro era integrada e guiada por especialistas.
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5. Quais eram as suas principais atividades e responsabilidades nos voluntariados?
Por mais que eu tivesse saído do Brasil com um cronograma na mão em ambas as situações, quem já participou de atividades parecidas sabe que tudo é muito mais fluido e dinâmico do que se parece.
Ou seja, o cronograma acaba servindo de referência, mas muitas outras atividades vão aparecendo no dia a dia do voluntariado.
No Wema Centre, ajudei a preparar almoço, ajudei a professora durante as aulas, acompanhava as crianças em saídas do centro, fiz prospecção de crianças nas ruas da cidade e até em conversas na parte administrativa nós participamos, por mais que de uma forma muito informal. Fiz praticamente de tudo!
Na Corporación Superarse, por outro lado, as atividades do voluntario eram muito mais específicas e controladas.
Por isso, fiquei muito mais na interação com as crianças, apoio ao técnico que cuidava do centro, servi o almoço (e aliás, tive até um treinamento de segurança e saúde para poder executar a atividade), acompanhei as crianças em eventos externos e apoiei os educadores no que me pediam.
6. Houve algum momento específico durante seu voluntariado que te fez repensar na sua vida, de modo geral?
O Caio que foi ao Quênia era uma pessoa diferente do Caio que foi a Colômbia.
Durante as atividades no Wema Centre, foi tudo tão intenso que não houve muito espaço para reflexão. O caos veio depois. E que caos.
Já durante as atividades na Corporación Superarse, a reflexão foi um pouco mais conjunta, principalmente por que eu já havia passado por um intercâmbio voluntário e também minha vida já havia mudado bastante.
7. A decisão da mudança de carreira veio durante ou depois do seu intercâmbio voluntário?
Fui ao Quênia em Dezembro de 2018. A decisão de mudança de carreira começou a tomar forma em Abril de 2019. Eu me lembro muito bem do primeiro dia de trabalho depois de eu ter voltado do Quênia!
Naquele dia, depois de revisar minha lista de atividades, eu abri o arquivo de Power Point para continuar a apresentação que estava em desenvolvimento, e já tive a certeza que eu iria, mais uma vez, ficar de hora extra. Para quê? Pensei na linha de impacto do meu trabalho atual. Pensei depois nas crianças.
Cada vez mais eu acreditava menos no que eu fazia, no quanto minhas horas extras agregavam muito pouco valor à sociedade e, mais do que tudo, o quanto o meu trabalho não se conectava em nada com aquilo que era, na minha visão, questões sociais estruturais.
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8. Atualmente, qual sua área de atuação?
No meio de 2019 acabei saindo do meu emprego antigo e iniciei um Mestrado em Psicologia das Relações Interculturais, na busca de adquirir (e desenvolver) ferramentas para criar ambientes harmônicos entre pessoas que vivem em realidades diferentes.
Durante o mestrado, trabalhei um tempo com pessoas em situação de rua, em Portugal, durante a pandemia de Covid19, em um projeto emergencial da Câmara Municipal de Lisboa.
Hoje, depois do Mestrado, trabalho como Gestor de Projetos Sociais, em uma ONG Portuguesa que apoia o desenvolvimento comunitário em Moçambique. O foco da ONG é Educação, Alívio de Pobreza, Infraestrutura e Sustentabilidade.
9. Você acredita que sua participação no projeto te fez desenvolver habilidades que te ajudam na vida pessoal e profissional?
Sim, tenho a certeza que as vivências no Wema Centre e na Corporación Superarse foram marcantes para o resto da minha vida e me fazem refletir para o ser humano que sou e quero ser até hoje, principalmente a experiência no Quênia, que também foi fator decisivo para minha mudança profissional.
10. Por fim, deixe uma mensagem para quem está passando pela mesma situação que você passou.
Acredito que a principal mensagem que eu gostaria de compartilhar com quem está passando por algo que eu passei é uma reflexão sobre a romantização da experiência completa do intercâmbio voluntário.
O intercâmbio voluntário é muito mais do que uma viagem na qual realizamos alguma atividade social, conhecemos novos lugares, vivemos o diferente, saímos da zona de conforto e apoiamos algo maior que nós.
Essa experiência é um caminho sem volta, na qual, muitas vezes, expomos nossos valores e crenças formados ao longo da vida a novas versões e verdades, a questionamentos que podem gerar reflexões fortes e impactantes, que são lindas de se imaginar, mas mais complexas do que parecem de se experienciar.
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Dificilmente a pessoa é a mesma depois de passar por uma vivência assim, exatamente por esse momento de conflito e reflexão gerar, no fim, necessidade de movimento. Isso porque a falta de coerência entre o que acreditamos e o que fazemos no dia a dia causa dissonância e pode levar a conflitos internos e, consequente, mal-estar.
Para organizar as coisas, (e isso pode parecer clichê) perguntas como “por que eu acordo todo dia?” ou “pelo que eu trabalho?” podem talvez aparecer com mais frequências na nossa cabeça, exatamente na busca de estruturar os valores e crenças (talvez) ressignificados com nossos comportamentos e sonhos atuais.
É importante saber disso antes de embarcar nessa jornada! Precisa de muita coragem e responsabilidade, e consciência do impacto interno que o intercâmbio pode causar. Ressalto esses pontos não com o objetivo de causar temores ou receios, mas sim de preparar o/a futuro/a voluntário/a em dúvida sobre o difícil (mas lindo!) turbilhão que o/a espera.
A ideia é que, consciente desses pormenores, essa dita “aventura” possa realmente mudar a sua vida e te ajudar a aproximar quem você está sendo de quem você quer ser.
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O intercâmbio voluntário pode te ajudar na sua transição de carreira e em mudanças na sua vida que você nem imagina! Por isso, que tal dar o primeiro passo para essa transformação?
Se você ficou com vontade de conhecer e fazer intercâmbio voluntário, conte conosco para te ajudar em todas as etapas!
Faça parte dessa comunidade de voluntários que só cresce e ajude a transformar o mundo num lugar mais justo e solidário.